Semana passada tive  o prazer de ir à Argentina, para a 6ª edição do Encuentro Latinoamericano de Diseño (e turismo). Sediado em Buenos aires, a Facultad de Diseño y Comunicación de la Universidad de Palermo organizou o Diseño en Palermo 2011, dos dias 26 a 29 de julho, com inscrição livre e gratuita para as 300 atividades, disponíveis em 6 sedes diferentes.

O evento teve 22.235 inscritos (!), estava muito bem organizado e, apesar da palestrinha migué de uma brasileira safada, foi bastante divertida a experiência de ouvir, em espanhol, assuntos relativamente densos . Aliás, impressionante a quantidade de pessoas vindas de países diferentes. Quando um dos palestrantes perguntou de onde vinham os presentes, “Argentina” teve o menor número de mãos levantadas, surpreendentemente.

Se dentro de uma sala a variedade de culturas já era enorme, ao andar por uma cidade gigante e turística o cenário não seria muito diferente. Tive a impressão de respirar história, cultura e (por que não?) design.

Quantas coisas bonitas, com fontes lindas e bem diagramadas nessa cidade ♥
Foto por William Jefferson

Esse evento, em especial, foi uma grande novidade pra mim – nunca havia ido à Argentina ou ao Encuentro e, apesar de saber da viagem alguns meses antes, não fiz roteiros. Às vezes, ao permitir o inesperado, a gente se surpreende mais do que se desaponta e acaba conhecendo muito mais do que se imagina.

Não sei se por ser algo novo pra mim (ou por não conhecer tanto assim territórios gringos),  me impressionei muito com a arte e cultura de lá. Em cada esquina a gente encontra sebos gigantes, grafites legais, músicas, museus…

Centro Cultural Recoleta
Foto por William Jefferson

Caminito
Foto por William Jefferson

Além disso, as manifestações populares (não apenas políticas, mas num geral mesmo) também me pareceram ter bastante força e frequência.

Concordo:)
Foto por William Jefferson

Manifestação popular 26/07/2011
Foto por Amanda Woehl

59 anos após o falecimento de Evita Perón
Atriz e líder política argentina, faleceu dia 26 de Julho de 1952

Dentre os (infinitos) museus que têm por lá, um em particular me chamou a atenção – Museo Xul Solar. Oscar Agustín Alejandro Shulz Solar, pintor surrealista, é um dos maiores nomes das artes plásticas da argentina (século XX).

Não conhecia o artista e me surpreendi muito com as obras dele. Primeiro porque a primeira impressão era de estar frente a obras feitas “ontem”. Quando me deparei com a data (1910!?), fiquei pensando quão vanguardista ele deve ter sido para a época, quiçá até um pouco incompreendido.

O cara criou idiomas (neo-criollo e pan-língua), além do pan-xadrez, com regras relacionadas a constelações e aos signos do zodíaco – bastante fortes em suas pinturas. É autor  também de San Signos, formado por 64 escritos baseados nos hexagramas do I Ching. Doidão, devo dizer.

Alejandro Xul Solar
Vuel Villa – 1936

Alejandro Xul Solar
Rocas Lagui – 1933

Alejandro Xul Solar
Noche de Lunas – 1950

Alejandro Xul Solar
Mestizos de Avión y Gente – 1936

Precisaria de um mês pra falar da última semana, mas se puder resumir e reforçar o que venho dizendo há algum tempo, os encontros são sempre muito proveitosos. Por nos completarem não apenas com conteúdo específico (design? mídias sociais? animação? etc) mas, principalmente, por estarmos diante de pessoas, lugares e realidades totalmente diferentes do que estamos acostumados.

Até mesmo as coisas pequenas podem nos trazer experiências completamente diferentes, que nos permitem abrir a cabeça e compartilhar com muito mais gente. Vale muito a pena, né? 🙂

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Fotos // Wlliam Jefferson, Amanda Woehl, Mariana Dória, Vinícius Rosa, Gabriel Young, Clara Cury e André Pardini.

Fontes // Museo Xul Solar, Wikipedia