Hoje vamos falar de um tabu para a 90% do mercado. A criatividade nos negócios ainda é um campo cheio de mistérios onde mitos antigos ainda distorcem o verdadeiro conceito. Na indústria criativa, como é o caso do Cafundó, a coisa anda avançada, mas não necessariamente. Ainda existem grandes questões a serem respondidas, tais como: Nesse ambiente laboral, de onde vem as ideias inovadoras? Que tipo de ambiente de trabalho elas se proliferam melhor? O que os líderes podem fazer para estimular a criatividade sem trazer o caos?

Se você responder que vem do área de P&D e Marketing sugiro continuar lendo imediatamente este post.

Vou contar pra vocês o que a Teresa Amabile andou pesquisando nos últimos 30 anos. Essa dama dirige a Unidade de Gestão Empresarial da Harvard Business School e é uma das únicas a direcionar suas investigações para o estudo da criatividade para a inovação empresarial.

Essa pesquisa de Amabile deu oito anos de trabalho: durante esse tempo foram coletados 12.000 entradas diárias de 238 pessoas trabalhando em projetos criativos em sete empresas de produtos de consumo, de alta tecnologia e indústria química. Em momento nenhum foi mencionado ser um estudo sobre criatividade, ela apenas pediu um relato diário de suas atividades cotidianas, seu ambiente de trabalho, etc. Amabile e sua equipe, então codificavam esses e-mails para a criatividade, procurando pelo momento em que as pessoas lutavam contra um problema ou vinham com uma ideia nova.

Então senta porque tem seis mitos para desvendarmos, e hoje falaremos de três:

MITO #01: CRIATIVIDADE É PARA OS CRIATIVOS

Chame um líder, gestor, ou o padeiro da esquina e pergunte: “Onde, na sua empresa, você quer mais criatividade?” E o pessoal responde “P&D, marketing ou (quando tem) com os publicitários.”. Agora, se perguntar onde não precisa de criatividade, vem uma resposta automática: “O setor financeiro.”

Existe esse senso comum que algumas pessoas são criativas, e outras pessoas não são. Opa, achamos o engano!

Através desta pesquisa e entre inúmeras outras, é possível verificar que qualquer pessoa com inteligência normal é capaz de realizar um certo nível de trabalho criativo. Se fossemos colocar em pré-requisitos, seria: experiência, envolvendo tanto conhecimento quanto habilidade técnica; talento ;  capacidade de pensar de novos jeitos e passar por períodos pouco criativos; e uma motivação intrínseca, vulgarmente conhecida como tesão pelo trabalho, que seria o mais crucial.

Sim, tem-se falado bastante em inovação e criatividade para o business. Mas Amabile acredita que as pessoas ainda estão longe de atingir seu pleno potencial criativo, em parte porque estão trabalhando em ambientes que impedem a motivação intrínseca. As empresas ainda tem um longo caminho para remover as barreiras contra a criatividade.

MITO #02: DINHEIRO É UM MOTIVADOR CRIATIVO.

Dinheiro é muita coisa, mas não tudo. É o que a pesquisa realizada sugere. Ao perguntar para as pessoas “Até que ponto você fez algo hoje pensando em ser recompensado?” e muita gente respondeu que esta questão não é relevante, pois não pensam no salário durante o seu dia-a-dia.

Obviamente, todos querem ser recompensados de forma justa de acordo com a sua performance. Contudo, a pesquisa mostra que as pessoas colocam mais valor num ambiente de trabalho onde criatividade é incentivada, valorizada e reconhecida. Eles querem poder se engajar com o trabalho a ponto de crescer junto com ele. Se o trabalho for muito acima das habilidades da pessoa, ela acaba se frustrando por não conseguir conciliar seu talento com suas tarefas. Se o nível for abaixo de sua capacidade, ela fica entediada. É preciso achar um equilíbrio, como tudo na vida.

MITO #03: TEMPO CURTO ALIMENTA A CRIATIVIDADE.

“Só que não.” Na verdade, quando foi perguntado aos participantes do estudo sobre isso, eles  se achavam muito mais criativos quando existia uma pressão para fazer algo em determinado tempo. Mas não foi isso que a pesquisa mostrou, pelo contrário: a real criatividade some contra o relógio. E ainda existe uma espécie de “ressaca” quando o indivíduo enfrenta o stress contra o tempo, fazendo sua criatividade cair por dois dias seguidos.

Um pequeno vídeo que já rolou bastante por aí, mas cai como uma luva para a situação:

Numa próxima etapa estarei desvendando os outros três mitos segundo a dona Teresa. Enquanto isso, que tal assistir o discurso dela no TEDx Talks?

(ainda não achamos o vídeo legendado 🙁 )

São três tópicos que já geram discussão o suficiente, certo? Nas próximas postagem abordaremos os outros três mitos constatados pela pesquisadora. E você, o que acha disso? Tem um espaço ali emabixo esperando a sua opinião.

(via)